Eis aqui uma imagem recorrente que se tem quando falamos em Descobrimento do Brasil: os colonos portugueses descem de seus navios, deparam com alguns índios e muitos macacos. Para mostrar suas intenções pacíficas, oferecem aos nativos um baú cheio de miçangas, colares e… espelhos. Os índios, que nunca tiveram contato com coisa parecida, ficam impressionados ao ver seu próprio rosto refletido. Mas é claro que se reconhecem, afinal são seres humanos. Mas cientistas da Universidade de Wisconsin descobriram que até os macacos têm tal capacidade.
A descoberta é mais um ponto indicativo de que não estamos tão distantes de nossos parentes primatas do que imaginávamos. Pesquisas anteriores haviam chegado à conclusão de que macacos não eram capazes de se ver no espelho (ao contrário de elefantes e golfinhos, por exemplo). Era isso que se pensava: um macaco, ao ver sua imagem retratada no espelho, imaginava estar diante de outro animal, não de si mesmo.
Pouco tempo depois, um novo estudo afirmou que alguns macacos, tal como o chimpanzé e o rhesus (espécie de primata encontrado no sudeste asiático) eram sim capazes de reconhecer, mirando um espelho, alguns traços em seus rostos. Esta nova pesquisa, contudo, foi além: afirmou que os macacos de fato usam o espelho para identificar a si mesmos, mas não pela cara: eles se reconhecem através da genitália.
Esta pesquisa, como todas as outras feitas com animais, encontrou a dificuldade de não poder contar com os relatos destes. Para saber o que os macacos estavam pensando, utilizaram uma das técnicas mais recorrentes nos últimos tempos: medir a atividade cerebral através de eletrodos. Com esse expediente, colocaram um espelho na jaula dos bichos. Quando o espelho era coberto com um plástico preto, nada; os macacos simplesmente o ignoravam.
Com o espelho em ação, era diferente. Alguns dos macacos foram identificados com um sinal de tinta na cara, que eles mesmos pudessem ver ao mirar o espelho. Os que não receberam a marca, em geral, mostravam-se inquietos ao olhar para o espelho, o que indica que estavam confusos. Não se pode afirmar que realmente achavam que se tratava de outro animal, pois não foram “procurá-lo” atrás do espelho, mas estavam agitados. Os “marcados”, por outro lado, não mostraram agitação, o que indica que sabiam que a imagem que
viam era falsa, não havia um ser semelhante ali.
viam era falsa, não havia um ser semelhante ali.
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